terça-feira, 21 de abril de 2009

ESTÓRIAS DOS MIGUILINS - EXPOSIÇÃO: "PALAVRA: DOS HOMENS, DAS COISAS, DAS PLANTAS E DOS ANIMAIS"



...“cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zunir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo a lembranças do homem vermelho”...

Esse trecho que faz parte da carta do cacique indígena Seattle, nos mostra como o índio está em perfeita comunhão com os elementos do mundo natural, e que todos estes elementos e reinos estão vivos atuando um sobre os outros. A Terra é então considerada um organismo vivo e o homem está assim em comunhão consigo próprio e com os outros seres. O escritor Guimarães Rosa como os índios, também esta totalmente atento aos sinais da natureza vivendo-a e experiênciando-a , aprendendo a ler o mundo para ler a si próprio e transpor assim todo este saber para também saborearmos através da sua escrita. Em Guimarães, a leitura do mundo se faz através das vivências nas quais os seres vão ganhando significados que tecem e compõe uma história, onde a natureza é sobretudo sujeito. A proximidade destas duas visões de mundo onde não há separação de reinos, onde todos fazem parte de uma mesma teia, percebida principalmente através do dos sentidos: do olhar, cheirar e escutar, onde não existem fronteiras entre o céu, a terra, a água e o ar, faz manter os olhos atentos e limpos para saborear a vida. Ter uma visão gasta pelo dia a dia robotizado e individualista de “homens modernos”, onde há muito se alojou o monstro da indiferença é tarefa impossível quando se tem um saber índio / Guimarães de relacionar com a natureza, tornado-a fonte de revelação, intuição e transcendência que nos possibilita integrar novamente como seres humanos ao universo e à sabedoria, resgatando a natureza como sujeito flexível, construindo significados que conferem e dão existência ao ser.
















Aguçar estas percepções, discutir a banalização do olhar pelo hábito, o porque da maneira de ver do poeta (artista), que tem esta incrível capacidade de ver o que de fato ninguém vê, são os pontos que trabalhamos em nossa ação educativa em Cordisburgo, tendo como fio condutor o discurso, a importância da palavra e da arte na construção do mundo, na aceitação e no convívio com as diversidades, apurando o gosto na construção de um ser mais integrado, mais consciente e sobretudo mais contemplativo. Enfim, poéticos, belos e vivos. Textos feitos pelos Miguilins durante a ação educativa no Museu casa de Guimarães Rosa.
O peixe Avião




Vejo retratado o peixe avião que voa solitário sob um céu de água, enquanto fora, o avião peixe criado pelo homem, paira sobre a água e a terra, cortando o ar como uma flecha certeira.
Na água, o peixe, perfura caminhos que resultam em vácuos de bolhas, perseguido por flechas certeiras, na sua busca pelo alimento. De repente... zás! num reboliço de barbatanas. O peixe inconsciente diante da ponta de um arpão, dá seus últimos movimentos de calda como se fosse ainda adiantar aquele esforço, que num determinado momento, se vê inútil e congela ali, seu último movimento.
Pena? Não. Completa-se ali, o ciclo da vida, onde assim como nós, os animais também nascem, vivem , morrem e por mais insignificantes que sejam, tem a sua história, que hoje está retratada imóvel numa tela de esgrafito.

Dyone da Costa teixeira, 3ª ano c

A Gamela



Depois que minha bisavó morreu, algumas de suas panelas foram para a minha casa. Quando desembrulhamos os utensílios de cozinha reparamos uma imensa gamela. Minha mãe olhou com grande saudade aquilo. Para mim era uma coisa desconhecida, um aquilo.
-Talvez fosse uma fruteira? Pergutei.
-Também serve, mas alí já amassamos muitos biscoitos, pães-de-queijos, minha mãe respondeu. -Ah, então era uma panela qualquer , na época conclui.
Apesar de ser uma panela qualquer para mim, foi o que a minha mãe guardou com mais carinho. Hoje vejo que aquela gamela era um utensílio de lembranças felizes. Que muitas risadas e histórias foram vividas enquanto se preparava algo ali. Ela não apenas um item doméstico.
Hoje olho para aquela gamela cheia de frutas enfeitando a mesa e penso no que deixarei de lembranças para os meus netos... Talvez uma panela de pressão...quem sabe?

Clara Lima, 3ª ano E.médio


Juízo



Pode parecer absurdo, mas será que quando os portugueses chegaram ao Brasil acharam extraordinários os costumes indígenas?
Será falta de juízo?
Para os portugueses poderia ser pelo fato de não conhecerem as culturas, os costumes, o jeito indígena.
Hoje, seria errado falarmos que eles não tinham juízo dentro de suas cabeças, pelo fato de sabermos muito sobre estes. Mas, naquela época, índio era novidade e poderia até ser uma espécie estranha que eles estavam conhecendo pela primeira vez.
Não sei ao certo o que os portugueses pensaram quando descobriram o índio, mas pelo pensar das pessoas, o que mais acharam, é que aquilo era falta de juízo naquelas cabeças tão estranhas, corpos sem roupas, línguas totalmente diferentes que não conseguiam decifrar.
Pode ser difícil entender tantas coisas diferentes, e para os portugueses, muito estranho. Contudo, isto, ao longo do tempo, foi se modificando e hoje, o expressar do índio me fez transformar um desenho em história, me dando juízo e responsabilidade para escrever tal narrativa.

Brenda Duarte, 2ªano


Onça pintada



Em plena floresta, muitos verdes e belos animais, havia um animal que era temido: a onça pintada. Um belo dia de sol, o animalzinho, que era considerado o mais bonitinho da selva, tomou um impacto dando de cara com a gigantesca onça. Coitadinha, a avezinha, tão coloridinha, ficou toda estremecida. O que fazer numa situação daquelas? Nem voar ela sabia ainda! Começou a rezar baixinho... A onça se aproximando, e ela ficando cada vez mais pequenina de medo, ó dó!
Como um bicho tão grande e feroz poderia judiar de um ser tão inocente?
Então, quando a onça partiu para o ataque, um bando de maritacas que assistiam a cena, avançaram em seu pescoço, bicando-a sem parar. A tão feroz onça saiu rugindo, nervozíssima! Ela não aceitou ser derrotada por aqueles bichinhos tão frágeis.
O legal da floresta é isto, um defendendo os outros. Diferente da cidade, cada um por si, na floresta é um por todos. Quem sabe se as pessoas ajudassem umas as outras não existiria tanta violência, tanta desigualdade no mundo?
Assim, nós, pequenas avezinhas sem saber voar, não passaríamos tantos apêrtos, sabendo que não teremos sempre as maritacas para nos defender. Quem dera fossemos como os índios sempre unidos, sem onças para nos atormentar.

Paola Raíssa carvalho, 2ªano


O índio


De Cara pintada mas sem máscaras. A vida é simples e espontânea. O branco de cara limpa mas de máscaras. A máscara da vaidade. O pudor disfarçado. A máscara da sociabilidade. Todo mundo sempre querendo ser diferente fazendo e comprando sempre as mesmas cores e coisas.Uma multidão sem sensações impares. É como o jogo de dominó, quando cai o primeiro dado, todos se sentem felizes por caírem também.

Christiane


A história do pássaro das grandes asas



Havia um pássaro com asas enormes, bem grandes lá no meio da floresta verde escura. Era um pássaro sossegado e de bom coração. Suas asas serviam de avião. Sempre que animal pequeno machucava e precisava de ajuda, ele estava de asas abertas para ajudar.
Era um pássaro grande como as asas, tinha penas escuras. Cantar, não cantava, estava sempre em silêncio. Um dia, minha avó me contou que ele tinha nascido de uma jabuticaba. Depois de caída no chão e secada, nasceu um belo pássaro, o qual conto esta história. Quando um bicho se machucava, ele sentia, e ia logo dar-lhe ajuda. Ninguém lhe falava que bicho machucou, e quando sentia que a sua ajuda havia sido chamada, dizia:
- Quem? Quem?
Por isto, minha querida avó disse, que seus antepassados chamavam-no de “quem-quem”.
Nunca vi este pássaro. Tenho vontade de ver. Quem sabe se algum dia deixar uma jabuticaba cair não nasça um quem-quem?

Yan Heyder de Oliveira, 2ª ano



O colar de Carmelita



Carmelita era uma índia da aldeia tupi-guarani que se casou aos quatorze anos, para a sua honra, com o cacique da tribo. No dia de seu casamento, como prova de seu amor, o índio deu a ela um lindo colar. Um colar majestoso, com uma linda pena vermelha, dentes de animais para provar a sua coragem, e sementes para representar a fartura.
No dia de seu casamento, ela colocou o colar e foi a noiva mais bonita da tribo.
Durante anos ela usou o colar, que foi invejado e desejado por diversas moças.
Carmelita engravidou. Teve uma gravidez complicada e no dia do nascimento de sua filha, ela não agüentou e morreu. Como prova de seu amor, deixou o colar para Jurema, sua filha e desde então, ele é passado de geração à geração.

Lays e Lorrany, 1ª do 2ª grau





A natureza dos índios



Os índios tem uma percepção muito grande da natureza. Vêem a natureza com olhos que os homens da cidade não vêem. Tem a experiência de compreender o que a gente não compreende.
Os indígena tem aquela preocupação que os “ditos civilizados” não tem. Eles vivem num mundo diferente do que nós vivemos.
A natureza não é a mesma que víamos antigamente, hoje estamos perdendo os nossos bens, que é a fonte da vida.
Os índios tratam a natureza como se fosse a coisa mais importante de suas vidas, pois é dela que tiram a sua sobrevivência.
A água , os animais e as plantas são importantíssimos para todos seres, só que não estamos dando-lhes valor, e quem sai perdendo somos nós mesmos.
A gente então queria mostrar o quanto precisamos da natureza, e o tanto que ela é importante para nós, seres vivos.

Maysa e Yara, 1ª série do 2ªgrau


Igualdade




A igualdade é uma das coisas mais importantes da humanidade. Ela se baseia no convívio humano.
O socialismo de Marx e Engels prega a igualdade, não havendo diferenças sociais entre os povos.
Se o mundo fosse uma vila de cem pessoas, quarenta e cinco seriam asiáticos, quinze seriam americanos, vinte seriam europeus e vinte seriam africanos. Se um membro desta vila precisasse de ajuda não haveriam fronteiras pois, afinal, todos fariam parte da mesma vila.
No Brasil, temos exemplos de Ongs que promovem a igualdade entre pessoas de diferentes classes sociais.
Pra muitos a igualdade é coisa banal, ou seja, sem valor nenhum.
Como devemos promover a igualdade?
O assistencialismo não é uma boa opção pois, as pessoas, não precisam de esmolas e sim de um trabalho digno para seu sustento. A educação é a melhor maneira de diminuir a desigualdade entre as pessoas e dar a elas oportunidades, independente da religião, cor , classe social e outros fatores, afinal, somos todos iguais e fazemos parte do mesmo planeta.

Israela , Thomas, Kewellry, 9ªano.


A raposa e o gato



Contam nossos antepassados, que vivia na floresta, uma raposa muito esperta e de lindo rabo. Este era elogiado por todos os animais como o rabo mais belo de todos.
O gato, por sua vez, invejava-o, pois achava que era mais bonito que o seu.
Então, um dia, ele resolveu conversar com Deus e pedi-lhe um rabo longo e belo como o da raposa.
Deus explicou-lhe que cada ser era de um jeito, pois, cada animal possui uma habilidade que o torna único e por isto, especial.
Deus então pensou melhor e resolveu trocar o rabo do gato pelo da raposa. Porém, um dia, um lobo muito grande e faminto, viu o gato passeando pela floresta com aquele lindo rabo e pensou:
-Porque não comer aquele gato para matar a minha fome? E começou a aproximar-se vagarosamente do gato sem deixar que esse percebesse. O gato quando percebeu, começou a correr, mas seu rabo por ser muito grande, o atrapalhava. O lobo cada vez se aproximava mais, até que o gato se enfiou-se numa toca profunda e escura. Apavorado, esperou o lobo ir embora e resolveu voltar ao céu para conversar outra vez com Deus e assim pedir-lhe seu rabo de volta, afinal, ter rabo de raposa o atrapalhava na hora de correr de seus predadores.

Poliana e Carolina 2ªB